Os maiores temores em relação ao dólar americano não se concretizaram. Será que isso pode servir de base para uma correção no EUR/USD?

Por muito tempo, o principal par de moedas avançou, sustentado pelas discussões de mercado sobre a saída de capitais dos Estados Unidos e o aumento da proteção cambial por parte de investidores estrangeiros com ativos americanos. Nenhum desses fatores preocupa mais o dólar.

De acordo com pesquisa da State Street Markets, o índice de hedge dos investidores não residentes para títulos emitidos nos EUA caiu de 23,6% em maio para 21,6% atualmente. O indicador voltou a níveis observados pela última vez antes do Dia da Libertação da América, quando a incerteza em torno das políticas de Donald Trump obrigava os estrangeiros a se protegerem contra o risco de enfraquecimento do dólar.

Dinâmica de racio de Hedging

Um fator importante nesse processo foi o aumento dos custos de hedge. Para investidores europeus, as despesas subiram de 1,31% em setembro para 2,40%, mantendo-se acima dos 2,20% registrados em abril. Parece que o mercado já não vê motivos significativos para a fraqueza do dólar americano.

Outro fator encorajador para os ursos do EUR/USD é o aumento das compras estrangeiras de Treasuries americanos, que somaram 508,1 bilhões de dólares no primeiro semestre do ano. Os compradores mais ativos foram Reino Unido e Bélgica. Em contrapartida, Índia e Irlanda reduziram suas participações, enquanto a China manteve praticamente inalteradas as suas. Em abril, discussões no mercado cambial sugeriam que os opositores dos EUA nas guerras comerciais poderiam vender Treasuries, enfraquecendo o dólar. Na prática, isso não ocorreu.

Enquanto isso, os investidores se preparam para a reunião de banqueiros centrais em Jackson Hole. Jerome Powell tem agora uma oportunidade única de anunciar uma mudança na perspectiva do Federal Reserve. O único obstáculo são os dados econômicos dos EUA, que dificultam esse movimento. Quase parece que as estatísticas estão zombando do presidente do Fed. Após a última reunião do FOMC, ele destacou um mercado de trabalho robusto e riscos de aceleração inflacionária. Na realidade, o emprego caiu de forma acentuada, enquanto os preços ao consumidor permaneceram estagnados.

Possibilidades de flexibilização da política monetária do Fed

Como resultado, as expectativas para o início de um ciclo de afrouxamento monetário pelo Fed em setembro têm oscilado significativamente. Após a divulgação dos dados do mercado de trabalho dos EUA em julho, a probabilidade de corte saltou de 40% para 97%. Com a publicação dos números do índice de preços ao produtor, recuou novamente para 84%. Não surpreende que o principal par de moedas venha alternando entre extremos, movimentando-se dentro de uma faixa de consolidação de curto prazo. Sem o rompimento desse canal, será difícil esclarecer as perspectivas para o euro.

Do ponto de vista técnico, no gráfico diário do EUR/USD, repetidas tentativas dos compradores de se manter acima do nível pivô de 1,170 fracassaram, sinalizando fraqueza do lado comprador e aumentando o risco de correção. Para que os vendedores ganhem força, é necessário primeiro romper o valor justo em 1,165. Se conseguirem, será gerado um sinal de venda.